Resenha 81 | Reiniciados

Título: Reiniciados – Trilogia Reiniciados, volume 1
Autora: Teri Terry
Editora [parceira]: Farol Literário (2013, 432 páginas)

Sinopse: As lembranças de Kyla foram apagadas, sua personalidade foi varrida e suas memórias estão perdidas para sempre. Ela foi reiniciada. Kyla pode ter sido uma criminosa e está ganhando uma segunda chance, só que agora ela terá que obedecer as regras. Mas ecos do passado sussurram em sua mente. Alguém está mentindo para ela, e nada é o que parece ser. Em quem Kyla poderá confiar em sua busca pela verdade?

Resenha

Quando iniciei a leitura de Reiniciados, sabia que seria um bom livro! Minhas expectativas eram altas e, mesmo assim, a autora foi capaz de me surpreender. São inúmeros os comentários apreciativos sobre essa leitura na blogosfera e a minha resenha não será diferente.

O contexto distópico se passa a partir de 2020, quando o Reino Unido – após uma importante crise econômica – se separou da Europa. Manifestações ocorreram, gerando muitas mortes e culminando numa necessária reorganização social. O Movimento da Lei e da Ordem, composto pelos Lordeiros, queria punir severamente qualquer pessoa que provocasse o caos – incluindo crianças e jovens. O Partido da Liberdade, por outro lado, defendia uma sociedade capaz de educar e não apenas prender ou matar seus cidadãos. Eram grupos opostos que, juntos, chegaram a uma "resolução": os criminosos seriam reiniciados e, assim, poderiam ter uma chance de redenção.

Aproveitando-se da tecnologia, qualquer criminoso que ainda fosse jovem teria suas lembranças apagadas. Isso zeraria todas as suas aprendizagens, incluindo as motoras – um Reiniciado, por exemplo, precisaria reaprender a andar e falar. Sem qualquer resquício de quem um dia foi ou do que fez, seria adotado por uma nova família e reinserido na sociedade.

É claro que tudo isso tem um preço. Cada Reiniciado é rigorosamente controlado pelo governo. Em seu pulso é instalado um Nivo, aparelho diretamente ligado ao sistema nervoso central e capaz de interferir com choques ou até mesmo a morte caso os níveis emocionais do Reiniciado caiam.

Nossa protagonista é Kyla, uma adolescente de 16 anos que se tornou uma Reiniciada. Ela está saindo do hospital direto para sua nova família adotiva e se sente muito hesitante. Tudo é apavorante, novo e perturbador. Acima de tudo, Kyla se sente diferente… Ela precisa se esforçar para ser o que um Reiniciado aparentemente é. Sua irmã adotiva, Amy, também é uma Reiniciada e – diferente dela – é capaz de sorrir e interagir com facilidade. Por que para Kyla é difícil ser ingênua ou superficial como qualquer outro Reiniciado? 

…não sou uma nova pessoa, não importa o quanto eles digam que sou. E se não sou uma nova pessoa, seja lá o que eu tenha feito, ainda está aqui, ainda é parte de mim, escondida em algum lugar. (p. 171)

Com a narrativa em primeira pessoa, nos envolvemos com os conflitos de Kyla. Vemos que, embora o Reiniciado receba uma segunda chance, há muito preconceito. São excluídos e por vezes não têm os mesmos direitos que os outros. Mas um bom Reiniciado não questiona; não manifesta opiniões sem que lhe sejam perguntadas; não contraria as expectativas; não diz o que não deve. Um bom Reiniciado não tem curiosidade; criatividade; paixão. Kyla é diferente. Seu corpo parece lembrar quem foi; seus sonhos parecem provocá-la para que descubra o seu passado. E cada perigosa descoberta é, também, uma escolha.

Adorei a história! Cada personagem da autora Teri Terry é uma revelação à parte. Eu gostei muito do enredo, porque permite fazer comparativos com a nossa própria realidade. A despeito da resolução conjunta com o Partido da Liberdade, o governo passou a ser comandado completamente pelos Lordeiros e considero que seu controle poderia representar a ditadura que já enfrentamos no Brasil. No livro, não apenas os Reiniciados eram controlados, mas toda a população estava sob a observação do governo. Da mesma forma, carregamos a mancha histórica de um período no qual o governo estava acima da lei. O medo frequente de que, em algum momento, você ou alguém amado fosse levado para algum lugar e nunca mais voltasse; as perguntas que todos se faziam, mas ninguém expressava; a desconfiança sobre tudo e todos, escondida sob sorrisos polidos. Esse livro é perturbador e, ao mesmo tempo, um convite para refletirmos sobre quão importante é não esquecer quem somos – ou pelo que lutamos.

…tenho certeza de que o governo estava certo em me transformar em uma Reiniciada. Há algo de errado comigo, bem lá no fundo, e eu não quero saber o que é. (p. 291)

Até que ponto Kyla deveria descobrir quem foi e o que fez para se tornar uma Reiniciada? Notamos logo nas primeiras páginas que a ignorância é segura, mas a verdade é necessária. Só posso dizer que a Farol Literário está de parabéns por trazer às nossas mãos um livro como esse! Reiniciados é uma distopia do melhor calibre, que traz em cada página aspectos de um irresistível thriller psicológico. Estou muito animada para continuar a leitura dessa trilogia e trazer a vocês minha opinião.

A capa é maravilhosa e a impressão impecável, com uma revisão de grande qualidade. Vale cada centavo. Um livro mais que recomendado.

Avaliação:

Compartilho os meus quotes favoritos:

Quando nos tornamos Reiniciados, eles intensificam a felicidade em nossos perfis psicológicos. Se eles aumentaram a minha capacidade de sorrir, devem ter tido de começar do zero. (p. 21)

Eles nos ensinaram o básico sobre os Reiniciados na escola do hospital. Éramos todos criminosos, sentenciados – apagariam nossas memórias e personalidades –, e assim poderíamos recomeçar. Com o Nivo no lugar para garantir que tudo desse certo, até ser removido no ano em que completássemos vinte e um anos como Reiniciado. Era uma segunda chance, pela qual devíamos ser gratos: ela nos manteve fora da prisão, ou da cadeira elétrica. (p. 52-53)

Também tínhamos um grupo no hospital, então sei como funciona. Falamos sobre nossos sentimentos em um "ambiente de apoio sem julgamento", mas sempre me parece que eles nos dizem o que devemos sentir. (p. 64)

Minhas memórias se foram, mas parte de mim se lembra. Meu corpo, meus músculos. (…) Então não é a mesma coisa que começar do zero, não mesmo. É como se, ao dar o impulso certo, você consiga fazer coisas que tinha esquecido. Quem sabe do que mais sou capaz? (p. 77)

– (…) Agora me escute, Kyla. Eu sei, acredite em mim, eu sei como tudo isso é difícil para você. Como é difícil de entender. Mas você precisa aprender a esconder as coisas dentro de você. Ou não durará muito. Não quero que você seja levada embora. Promete que vai tentar? (p. 249)

Ben me escuta e eu vejo o quanto ele é sugestionável. Afirme qualquer coisa forte o bastante e ele  abraçará. Que mundo perigoso para uma pessoa como ele; uma urgência irresistível de protegê-lo me domina. Ben é como… deveria ser, eu também deveria ser assim, mas, de alguma forma, não sou. (p. 319)

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Conheça

os próximos volumes da trilogia, já publicados e disponíveis nas livrarias:

Título: Fragmentada – Trilogia Reiniciados, volume 2
Autora: Teri Terry

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Sinopse: Kyla não deveria se lembrar de nada quando foi reiniciada. Mas segredos do seu passado atormentam sua mente. Presa em uma luta contra a opressão dos lordeiros, e ansiando por liberdade, Kyla vê seu passado e presente colidir de uma forma que ameaça sua vida. Enquanto sua busca desesperada por Ben continua, em quem ela poderá confiar em um mundo repleto de segredos e mentiras?

Título: Despedaçada – Trilogia Reiniciados, volume 3
Autora: Teri Terry

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Sinopse: Kyla foi Reiniciada: sua memória foi apagada pelo Opressivo governo dos Lordeiros. Mas, quando lembranças proibidas de um passado violento começam a aparecer, surgem também dúvidas: ela pode confiar naqueles que passou a amar, como Ben? As autoridades querem a morte de Kyla. Com a ajuda de amigos no DEA, ela vai a fundo, sondando seu passado e fugindo. A verdade que ela busca desesperadamente, no entanto, é mais surpreendente do que ela poderia imaginar. Ao final do terceiro volume desta aclamada série, os mais profundos e imprevisíveis segredos serão revelados.

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