Resenha 59 | O Ciclo da Morte

Título: O Ciclo da Morte – Série Santuário da Morte, livro 1
Autora: Thais Lopes
Editora: Senhor da Lenda (2014, 374 páginas)

Sinopse: Às vezes, nem mesmo a Morte está segura.

Um anúncio de aluguel faz com que Lucio, um vampiro caçado pelo primogênito de sua raça, conheça Kelene. Mas ela não é apenas uma jovem humana, da mesma forma que Lucio não é um vampiro qualquer.

O que Kelene não imaginava era que Lucio estivesse ligado a uma figura de seu passado, e que uma armadilha antiga estivesse de volta.

O que Lucio não esperava era que Kelene fosse a arma que precisavam para destruí-lo, ele que estava além da própria Morte.

Quando a verdade começa a vir à tona, não há como fugir. As respostas estão no passado, entre as memórias proibidas de Lucio e os segredos que transformaram Kelene no que ela é. Mas o que alguém pode fazer quando a própria Morte está ameaçada?

Resenha

[1ª leitura durante a Maratona Literária #EuTôDeFérias]

Tive a oportunidade de ler O Ciclo da Morte por meio do Book Tour organizado pela querida Karyne, do blog My Little Metaphor. Agradeço muito por aceitarem minha participação, porque amei esse livro!

Narrado em primeira pessoa, O Ciclo da Morte intercala capítulos entre os personagens Kelene, Lucio e Morte. O mistério está presente desde a primeira página, quando conhecemos Kelene, uma jovem que está procurando alguém interessado em alugar o quarto vago em seu apartamento. Lucio é a única pessoa que liga em retorno ao anúncio e apenas com uma breve conversa Kelene percebe que ele faz parte do Outro Mundo. Entendemos, então, o contexto criado pela autora: criaturas que antes viviam apenas no imaginário popular eram reais e se apresentaram à sociedade em busca do direito de coexistirem com o mundo humano.

Vampiros, metamorfos, bruxos, fadas e demônios… Todos existem! Imagine como seria se, hoje, criaturas como essas se revelassem e morassem ao lado da sua casa, estudassem com os seus filhos, se divertissem nos mesmos lugares. Quando o Outro Mundo veio à tona, instalou-se o caos. No livro, percebemos haver muito preconceito dos humanos em relação aos seres do Outro Mundo. Por isso, vampiros geralmente viviam em grandes favelas, em condições precárias. Lucio era um vampiro e Kelene soube disso apenas ao ouvir sua voz no telefone. E mesmo ciente disso, ela o acolheu em seu apartamento e o aceitou como inquilino.

A tranquilidade com que Kelene lida com a sua presença faz com que Lucio se questione: quem é essa mulher, afinal? Por que não sente medo ou rejeição por ele? De um jeito inusitado, Lucio passa a sentir carinho por Kelene e deseja protegê-la do mal que o está caçando. Lucio tem um perigoso segredo que pode colocar Kelene em risco, mas a jovem não parece se importar porque ela também possui seus próprios mistérios.

Não demora para percebermos que há uma grave situação acontecendo! Os segredos de Kelene e Lucio se relacionam entre si, como se o destino estivesse conspirando para aproximá-los ainda mais. Um forte sentimento começa a surgir entre eles, mas o romance não é o foco da história. O ritmo da narrativa é ágil e passamos a acompanhar uma guerra que ameaça a toda humanidade! Eu adorei a ação presente em cada página e a autora conseguiu me deixar sem fôlego durante a leitura.

O Ciclo da Morte é um livro complexo, mas com uma narrativa tão suave que – quando notamos – chegamos ao final desejando mais. A Morte é uma personagem encantadora! Ela faz justiça ao título que carrega e gostei muito da criatividade da autora ao abordar o trabalho que a Morte realiza. Foi genial! O grande vilão, Inominável, também me encantou. Eu o achei muito poderoso, um adversário digno para Kelene e Lucio.

Há uma característica de O Ciclo da Morte que acho necessário destacar, porque pode haver leitores que a considerem negativa. Há muitas palavras que não conseguimos compreender imediatamente no livro e que são explicadas ao longo da história; assim como há dúvidas que são respondidas depois de algumas páginas lidas. Mas a autora não deixou nenhuma lacuna, por isso não considero essa característica algo negativo. Entendi completamente a história e me apaixonei pelo casal: Kelene e Lucio! O livro possui capítulos curtos e equilibra vários gêneros: romance sobrenatural, ação, drama, fantasia, mistério… Acho que por isso o li tão rápido – e depois sofri sem a continuação (rs). A diagramação e revisão do livro estão maravilhosas! Diria que o único aspecto frágil da obra é a capa. Não gostei dela… E acho que a modelo não representa a Kelene.

Ao final de O Ciclo da Morte, a autora disponibilizou o primeiro capítulo do próximo volume da série Santuário da Morte, intitulado: Herança de Fogo. Serviu apenas como um aperitivo, porque é possível notar que muita coisa ainda acontecerá! Estou ansiosa para ler a continuação, pois a protagonista era a Semele, uma vampira de nível Mestre que ganhou meu coração com seu destemor. Estou louca para conferir o que a autora Thais Lopes vai aprontar.

P.S.: Gostei taaaaanto desse livro que pretendo acompanhar to-das as publicações da Thais Lopes. Já fiz meu pedido de Sentinela, primeiro volume de Crônicas de Táiran. É o segundo livro publicado pela autora e está em preço promocional para a pré-venda. Saiba mais:

Título: Sentinela – Série Crônicas de Táiran, livro 1
Autora: Thais Lopes
Publicação independente (2014, 365 páginas)
Compre na loja da autora | Leia os primeiros capítulos no Wattpad | Adicione o livro no Skoob

Sinopse: Desde sua criação, ninguém atravessara os portões do Reino C’erit. Ninguém sabia o que acontecia por trás deles, ou qual havia sido o destino das pessoas que, tempos atrás, haviam se isolado ali para construir um novo lar. Por isto, até mesmo os Guardiões se surpreendem com a chegada de uma mensagem.
Quando a Arqui-Guardiã Aíla é enviada em resposta ao chamado, ela não faz ideia do que vai encontrar. Mas nem mesmo uma vida inteira na cidade-fortaleza dos Guardiões poderia prepará-la para o que precisará enfrentar: traição, uma nova ameaça à Ordem, e um homem capaz de abalá-la.

Avaliação:

Compartilho os meus quotes favoritos:

Mesmo com todas as oportunidades que as raças não-humanas ofereciam, os humanos ainda tinham medo demais daquilo que não compreendiam... Daquilo que não se submetia a eles. E então os isolavam, segregavam, mas o Outro Mundo era persistente e não voltaria a se esconder. (p. 21)

...ainda existia dentro de mim uma lembrança do rapaz humano. Eu era um predador, sim, mas não queria por em risco alguém que estava se dispondo a me ajudar. Por isso, apenas, ela já seria intocável. (p. 24-25)

Eu temia que um dia ele descobrisse o que eu era. Caso isto acontecesse, ele teria que fazer uma escolha não muito agradável, uma vez que a minha já estava feita. (p. 31)

Agora eu entendia sua expressão. Como todo vampiro, ele queria ser aceito pelo que era. Eu havia feito isso, sem muitas perguntas, sem frescuras, sem medo, e ele não queria perder aquilo. (p. 40)

Havia aprendido cedo que as minhas decisões não afetariam apenas a mim. (p. 41)

Nos anos logo após a "descoberta" do Outro Mundo, tudo havia sido uma grande novidade. Mas não demorou muito para os humanos perceberem que seus contos de fadas tinham um lado sombrio e perigoso, muito mais próximo das histórias originais do que das versões modernas. Um lado que a humanidade não sabia controlar ou combater. Então a caçada começou. (p. 67)

Eu estava agradecendo pela confiança que ele tinha em mim. Para alguém como eu, confiança não era algo comum, seja para dar ou receber. Saber que eu merecia aquilo era algo que eu guardaria como um bem precioso até o fim da minha existência. (p. 96)

Eu sabia que a fúria era apenas uma forma de manter o medo sob controle. Era mais fácil estar furiosa que amedrontada. (p 111)

Ele me puxou para junto de si e me abraçou com força, como alguém tentando impedir que algo precioso desaparecesse. Permaneci em seus braços por um instante, me sentindo segura ali, como não me sentia há muito tempo. (p. 136)

– Por que não me contou? – ele perguntou.

– A última pessoa que soube tanto sobre mim, tentou me destruir. Acha mesmo que depois disto entregaria meus segredos tão facilmente? (p. 155)

– Me desculpe. Eu aprendi a aceitar ser o que sou, mas não quer dizer que eu goste.

– Então aprenda a gostar, Kelene, pois foi isto que a transformou em quem é hoje. – Lucio murmurou, me surpreendendo, e eu assenti, sabendo que ele estava certo. (p. 157)

– Você sobreviveu fugindo, mas eu sobrevivi aprendendo a não recuar. (p. 181)

Ela era como um rio. Uma vez que escolhia seu caminho, nada a parava. Não importava quantos obstáculos surgissem, ela os contornaria e seguiria em frente. (p. 222)

– (...) É isto que move o mundo. Sem a morte e o desejo pela imortalidade haveria uma estagnação, e nada jamais mudaria para melhor ou pior. (...) É a morte que traz a evolução, que permite que a antiga geração dê lugar à nova, mais preparada para lidar com as mudanças que aconteceram, e assim sucessivamente. (p. 265)

A vida e a morte estavam profundamente ligadas, mas era possível contar nos dedos de uma mão todas as vezes em que a Morte, desde o início dos tempos, havia buscado o poder da Vida. (p. 346)

A Morte deveria estar acima das fraquezas dos mortais. E agora a Morte se lembraria que um dia havia sido mortal, e que nem mesmo ela seria eterna. (p. 359)

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