Resenha 52 | O Diamante

em 9.11.14
Título: O Diamante – A história de uma paixão
Autora: J. Courtney Sullivan
Editora [parceira]: Novo Conceito (2014, 480 páginas)
Sinopse: Cinco personagens, separados pelo tempo e aparentemente sem conexão entre si, contam a história da paixão das mulheres pelo diamante aliás, não só das mulheres! Revezando-se em uma ciranda de acontecimentos divertidos, infelizes, revoltantes ou surpreendentes, a extraordinária Frances Gerety, que existiu de verdade, e outros indivíduos muito especiais mostram que a história de uma sociedade é construída por meio das relações humanas, na intimidade dos lares. As transformações do mundo moderno nem sempre conseguem abalar aquilo em que se acredita com todo o coração mas as decepções com aqueles que amamos... essas podem mudar as nossas opiniões. Um livro diferente, que fala das muitas formas de viver o amor e que deixa no ar uma pergunta: os casamentos são mesmo feitos para durar?

Resenha

Sabe aquele livro com o qual sentimos enriquecer a nossa cultura? Aprendi muito lendo O Diamante! Antes mesmo de alcançar a página 100, imaginei o quanto a autora se dedicou para desenvolver a história. Não me surpreendi quando, ao final, encontrei em suas notas a menção a todas as suas pesquisas.

Narrado em terceira pessoa, em O Diamante conhecemos a história de cinco personagens. Os capítulos se alternam entre eles, com uma riqueza de detalhes que merece aplausos! A primeira delas é Frances Gerety, uma jovem redatora publicitária da década de 1940. O mais interessante é que essa personagem realmente existiu e foi a responsável por criar o principal slogan da De Beers, uma das maiores fornecedoras de diamantes do mundo. Sua frase "Um Diamante é Para Sempre" mudou vidas e ressoa até hoje em nossa cultura.

Sim, essa era a ideia – que o diamante perduraria, mesmo que o amor não perdurasse. Mesmo que a juventude também não perdurasse. (p. 110)

A verdade é que a frase de Frances relacionou o amor dos casais ao anel de diamante. Quanto maior o diamante, mais amada e valorizada a mulher deveria se sentir. Esse conceito influenciou a vida de Evelyn, nossa segunda personagem. Em 1972, há quarenta anos casada com Gerald, Evelyn se sentia frustrada com a ultrajante decisão do filho, Teddy, em romper seu casamento com uma mulher tão querida e nobre quanto sua nora, Julie. Naquele contexto, o divórcio era vergonhoso e autorizado somente mediante situações extremas, como a violência doméstica ou o alcoolismo. Imaginem como a doce Evelyn se sentiu ao saber que Teddy parecia alheio ao fato de abandonar esposa e filhas para voltar ao prazer da vida de solteiro. O belo anel de diamante que Evelyn tinha no dedo simbolizava um amor eterno que Teddy parecia não conhecer.

Quando ela tinha a idade de Teddy, o divórcio era um assunto do qual se falava discretamente. Um escândalo. Um último e extremo recurso. Uma fuga terrível da insanidade ou do alcoolismo. Mas, nos últimos anos, parecia estar em todos os lugares. Havia até uma nova lei em alguns Estados, declarando "sem culpa" para que se evitasse a mesma situação em que a pobre Julie estava agora. Talvez fizesse sentido em um tribunal, mas, na prática, não se destrói um casamento sem razão. Alguém sempre tinha a culpa. (p. 124)

O próximo personagem, James, era um paramédico no contexto de 1987. O fracasso parecia persegui-lo. Casado com Sheila e pai de dois filhos, James nunca fora capaz de pagar as despesas, comprar uma casa decente e, muito menos, dar à esposa um anel digno dela. Sua rotina era extenuante! Ele trabalhava tanto que mal conseguia acompanhar a família e, quando sua esposa foi assaltada, não estava lá para protegê-la. A aliança de casamento, tão ridiculamente simples, havia sido levada. E ele não conseguia nem mesmo substituí-la. A falta de um anel de diamante parecia revelar toda a sua instável vida.

Vamos, então, a 2003 para conhecermos Delphine. Aos 41 anos, ela abandonara a França para viver uma paixão enlouquecedora por um jovem de 24 anos. P.J., como gostava de ser chamado, era um violinista incrível! Ouvi-lo tocar era quase tão bom quanto estar entre os seus braços. Delphine só não esperava que o amor dele fosse tão arrebatador quanto breve. Sem remorso, P.J. despedaçou o seu coração. Ah, o lindo anel de diamante que ele lhe dera nada valia diante da traição. Parecia pesar sobre o dedo; parecia uma mentira. O mais irônico de tudo isso era que, para seguir P.J. a Nova York, Delphine traíra e abandonara seu marido, Henri. Seria a justiça do destino que tudo terminasse assim?

Finalmente, vamos a 2012, para a nossa última personagem, Kate, uma mulher de princípios rigorosos e um aguçado senso crítico sobre as coisas. O casamento, para ela, é apenas uma conveniência judicial e desnecessária. O matrimônio parecia deixar as pessoas obcecadas, como se somente a partir dele o relacionamento adquirisse valor. Além disso, os anéis de diamante deveriam ser abolidos! A sociedade precisava assumir que, para serem extraídos, os diamantes provocavam guerras e exploravam mão-de-obra. O símbolo do amor era, na verdade, banhado em sangue inocente. Embora tão radical, Kate era também uma pessoa amável o suficiente para apoiar o casamento dos seus melhores amigos gays, Jeff e Toby, que teria direito a todos os possíveis clichês e, claro, a um deslumbrante anel de diamante.

Uma década atrás, as pessoas do Ocidente começaram a ouvir falar do diamante de sangue. Estimava-se que 14% dos diamantes vendidos na América vinham de guerras brutais na África, que haviam deixado milhões de mortos. (p. 188)

Notaram quão rico é o enredo de O Diamante? Gostei muito da leitura e tive a sensação de acompanhar cinco contos diferentes, alternados entre si. Por um momento pensei que eram histórias individuais, mas acabei sendo surpreendida com a relação existente entre elas. A metafórica presença do anel de diamante foi formidável! O valor dele variava de acordo com a vida conjugal de cada personagem. Foi com uma inesperada intimidade que entendi os complexos sentimentos e a história pessoal de Frances, Evelyn, James, Delphine e KateO amor é repleto de enigmas, não? É difícil compreendê-lo, mas acredito que este livro revela um pouco do que o compõe: as dúvidas, as expectativas, os segredos, as decepções... Tudo foi minimamente descrito pela autora, desde a configuração da personalidade e dos sentimentos dos personagens até o contexto histórico-social em que viviam.

Aprendi sobre a instituição do casamento nos Estados Unidos, sobre a guerra e a mídia entorno dela, sobre a cultura francesa, sobre a música clássica, sobre a extração de diamantes, sobre os paramédicos... A cada capítulo, adquiria novas informações e admirava o fato de serem todas historicamente verídicas. No entanto, não conseguia dar mais velocidade à leitura. A autora deu à narrativa o ritmo natural da vida. Não há aquela tensão que nos faz desejar chegar logo ao final, justamente por serem cinco histórias paralelas que se desenvolvem entre capítulos alternados. Apenas por isso não avalio este livro com cinco estrelas.

A capa me agradou, sendo bastante significativa! A diagramação está maravilhosa e, com certeza, recomendo O Diamante para os leitores que procuram um livro com mais do que apenas uma história fictícia.

*Agradeço à Novo Conceito pela cortesia dessa leitura!*

Avaliação:

Compartilho os meus quotes favoritos:

Seu pai uma vez lhe dissera, quando era menina, que havia muitas coisas que faziam uma mulher ficar bonita, mas nenhuma tão grande quanto estar apaixonada. (p. 71)

A forma mais rápida de perder o encanto por um artista é vivendo com ele. (p. 72)

As pessoas queriam que você validasse suas escolhas ao fazer o mesmo que elas. Ela se sentia abençoada – ou amaldiçoada, dependendo do ponto de vista – por ser o tipo de pessoa que não se importava com o que as outras pensam, contato que ela mesma acreditasse que estava certa. (p. 90)

Bebera cinco cervejas durante o jogo. Era um novo hábito seu: comprar um fardo de seis e tomar cinco. Era meio que como Sheila, que devorava a sobremesa, mas deixava um pedaço do bolo no prato para demonstrar que conseguia se conter. (p. 149)

– Eu me casei com meu melhor amigo. – Soava tão encantador, e era verdade, afinal de contas. Mas ela sabia que outras pessoas podem ter entendido isso como: "Eu me casei com minha alma gêmea", quando o que ela realmente queria dizer fora: "Eu me casei com um homem bom e equilibrado, que nunca vai me tratar mal e nem partir meu coração". (p. 183)

O casamento para ele era como um almoço de domingo – ele nunca iria correr atrás dele ou mesmo pensar nele até que alguém o apresentasse a ele numa bandeja de prata. (p. 184)

– Às vezes parece que não conseguimos entender bem do que foi que desistimos na vida, até que seja tarde demais. (p. 217)

Sua irmã não era uma pessoa ruim, e também não era burra. Ela simplesmente acreditava, como muitas pessoas, que a vida era suficientemente complicada para se preocupar com os problemas de outras pessoas. (p. 303)

Quando as pessoas estavam sofrendo, seus governos lhes davam casamentos ou guerras com os quais pudessem se distrair. Às vezes, ambos. (p. 303)

É importante procurar a verdade, (...) mesmo que você a encontre apenas raramente. (p. 304)

– Ninguém tem o direito de opinar sobre a maneira pela qual outra pessoa se apaixona. (p. 430)


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20 comentários:

  1. Estou com esse livro ali na estante, até posso vê-lo daqui, enquanto comento sua resenha e confesso que não tinha sentido muita vontade de lê-lo. Até agora. Eu S.A.B.I.A que iria adorar sua resenha. Eu sou uma mulher um tanto desapegada, meio a Kate, uma das protagonistas que você mencionou na resenha, eu abomino a forma como os diamantes são extraídos e comercializados e acho que não preciso de um anel para medir o amor e o valor que meu marido tem por mim, não uso nem minha aliança, a vendi num momento de aperto no meu casamento, sério. Mas acredito no poder dos símbolos e respeito o valor que as pessoas em geral dão a esses símbolos, e o anel de diamantes ou mesmo as alianças são cheias de significados, é legal.
    Quero ler o livro, quero tirar minhas próprias conclusões sobre a história e até por que adoro histórias assim com vários personagens com vidas e pensamentos diferentes. Resenha Show!!!
    Beijocas Fran, obrigada por compartilhar sua opinião mais uma vez nesse post super fofo.
    Vivi
    Razão e Resenhas

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  2. Olá Franzita!!
    Nossa vi muitas e muitas vezes a capa desse livro sem imaginar que história interessante ele trazia em suas páginas. Já estava na minha lista de desejados, mas agora ele, com certeza passou para uma posição de maior prioridade.
    Não imaginava uma história assim pra este livro, mas com certeza não é uma narrativa qualquer.

    Beeijos
    O Outro Lado da Raposa

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  3. Olha sinceramente tenho que dizer que adorei a sua resenha. Da maneira que você desenvolveu deu até para lembrar novamente de tudo que li sobre O DIAMANTE. Gostei do desenvolvimento da história e tudo mais, só que achei a narrativa muito cansativa. Eu sinceramente não via a hora de terminar o livro logo, porque eu achei meio parado em algumas partes. E também muitos detalhes acabaram que me cansando. Mas mesmo assim fui até o fim.

    Enfim...Gostei do seu ponto de vista sobre a diagramação, porque nisso a editora realmente não pecou. Está lindo mesmo. Acho que foi uma das coisas que mais me chamaram atenção para ler esse livro, porque sinceramente adorei.

    =]

    lovereadmybooks.blogspot.com.br

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  4. Boa tarde,
    Como esta?
    Nossa,adorei tua resenha *----*
    Já adicionei o livro ao skoob para não esquecer de ler (se é que esquecerei)
    Gostei da sua descrição...bem detalhada...quem não gostou: :p

    Meio off assim,mas tava olhando aqui...você também curte animes/mangás? Eu amo *-*
    E vejo que esta finalizando um livro...desejo sucesso e quero ler ein : ^^

    Beijos e tenha uma excelente semana
    www.rimasdopreto.com

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  5. Olá Fran!
    Adorei a resenha. A capa do livro realmente chama muita atenção.
    E as histórias em paralelo umas com as parecem interessantes. Mas acho que ficaria irritada porque eu gosto de ler uma coisa em partes quebradas.
    Adorei a escolha dos quotes. Um melhor que o outro.
    Ah, anunciei nossa parceria lá no blog.
    Beijos!

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  6. Oi!
    Confesso que não esperava muito desse livro, mas a sua resenha me fez mudar de opinião!
    Agora estou super curiosa!
    Adorei os quotes!
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias

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  7. Oiiiiii!
    Amei sua resenha :)
    Confesso que pela capa não imaginei que o livro seria tudo isso que você descreveu, mesmo assim não senti aquela vontade desesperada de ler, vou colocar no Skoob para não esquecer desse livro pq sua resenha me convenceu, só por isso rsrs.

    Abraços!
    Jéssica Rodrigues
    http://lilianejessica.blogspot.com.br/

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  8. Oi, Fran, tudo bem?
    A capa desse livro não tinha me chamado a atenção, mas sua resenha realmente me fez querer lê-lo. Adoro livros que agregam informações culturais dos locais onde se passam a história e por se passar em diversas épocas distintas, conseguimos ver também as mudanças ocorridas na sociedade ao longo do tempo. Vai entrar na minha fila de leitura :)
    Bjos

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  9. Oiee
    Achei a capa bonita e o enredo interessante, mas não consigo ler livros com histórias paralelas porque me deixam confusa :)
    Bjs

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  10. Gosto da historia do livro, parece ser bem legal. E essa mudanças de tempos parece algo que vai me confundir um pouco no começo, mas mesmo assim parece ser um livro bom e interessante!


    http://www.segredosemlivros.com/2014/08/resenha-o-diamante-j-courtney-sullivan.html

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  11. Fran lindona eu havia visto o lançamento do livro e já me empolguei lendo sua linda resenha já quero ler correndo, muito bacana a ideia da autora de contar essa 5 histórias e adorei saber que elas tem ligação. Correndo para ler. beijos

    Joyce
    www.livrosencantos.com

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  12. Nunca tinha ouvido falar desse livro, mas gostei da sua resenha. Ele parece ser bem interessante.
    Vou colocar na lista!^^
    Beijo

    http://canastraliteraria.blogspot.com.br/

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  13. Olá Fran, tudo bem?
    Eu tinhavisto muito sobre esse livro no seu mês de lançamento mas depois ele acabou ficando meio esquecido. A história dele parece ser super legal e pelo que você passou na sua resenha é muito boa. Diamante não é um gênero que faz o meu tipo mas esse parece que será uma das exceções.
    Sua resenha me deixou mega curioso quando ao livro e espero poder pegar para lê-lo o mais breve possível. Acredito que não vou me arrepender.
    Abraços.

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  14. Oi Francine.
    Eu não imaginava que esse livro fosse enriquecedor, gosto quando os autores se dedicam e fazem trabalhos de pesquisas, em sua maioria as histórias são muito válidas, e pelo visto O Diamante é um desses.
    Só espero que essa riqueza de detalhes mencionada não torne a narrativa cansativa.
    Estou com esse livro na estante desde o lançamento, esperando uma brecha pra encaixá-lo nas leituras.
    Narrativas onde tenho a visão de cada personagem funcionam magnificamente comigo.


    Beijos.
    Leituras da Paty

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  15. OI, Fran-linda!
    Menina que resenha é esta? linda demais e com certeza vou amar ler este livro e conhecer tantas histórias.
    Sempre gostei mais dos livros que me ensinam algo sobre a vida, o passado e o presente, pois me fazem sentir mais inteligente rs.
    Preciso desse.

    Beijos
    www.amorliterario.com

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  16. Eita, resenha caprichada hein? Apesar de altamente positiva, ainda não me motiva a ler. A premissa do livro não é lá de muito agrado pessoal, e acho a capa feia D: Sério, não me motiva.

    Abraços
    David Andrade
    http://www.olimpicoliterario.com/

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  17. Caramba que viagem em, saímos de 1940 até 2012 viajando por histórias de amor e de vida totalmente diferentes, aborda conceitos de época e suas tradições.
    Muito interessante mesmo, parabéns pela resenha!

    Abraço,
    Diego de França
    www.leitorsagaz.com.br

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  18. Fran que linda essa resenha. Quero uma assim. kkkk. Brincadeirinha. Mas me apaixonei por esse livro. Sério que quando vi a capa achei que se tratava de uma história mais cômica sabe? Desenhos em capas sempre me passam essa impressão. Mas fiquei encantada. Simplesmente amei cada quote escolhido. cada um. Nem vou copiar aqui quais ou meu comentário ficará enorme. mas parabéns por conseguir transmitir toda essa emoção em uma resenha. Quero ser igual você quando crescer. ashuashua. Beijão
    http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

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  19. Oi Fran,
    Sou suspeito para falar, pois li e resenhei este livro. Ele tem um ritmo próprio, mas é um ótimo livro e adorei o final. E Adorei sua resenha, ficou ótima. Parabéns.
    bjs

    Antonio Henrique
    www.navioerrante.blogspot.com.br

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  20. Ualll que resenha mais rica!Adorei poder conhecer melhor sobre ese enredo.Tenho O Diamante aqui em casa,mas nunca fique motivada para lê-lo,porém depois dessa resenha fantastica fiquei animadisssima em poder conhecer com mais detalhe esses personagens.
    Ótima resenha,meus parabéns!
    Beijosss

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