Resenha 49 | Arthannya

Título: Arthannya
Autora [parceira]: Vera Lúcia Cervi Mattei
Editora: Dracaena (2013, 492 páginas)

Sinopse: Lúcia sentiu algo mudar quando o viu pela primeira vez, despertando em si sentimentos fortes e verdadeiros. E sempre quando encontram aqueles olhos cinza, ela sente sendo sugada a dois grandes abismos, como se ele enxergasse muito além do que é permitido, do que é aceitável.

Quem é ele? E de onde veio?

Toran leva uma vida cheia de compromissos e responsabilidades. Mas assim que a vê, ela passa a ser sua prioridade.

Ele tem uma missão a cumprir.

Ele sabe o que quer e o que veio buscar.

Toran não recua. Ele avança sem pedir licença.

E Lúcia? Será que deve largar tudo para embarcar nessa viagem e mergulhar de cabeça nessa imensidão de sensações?

E o que é pior? Estará disposta a enfrentar um bombardeio em terras desconhecidas? Sabendo que, no meio desse fogo cruzado, ela precisará se resguardar, se impor e, principalmente, sobreviver?

Resenha

Que leitura agradável! Quando descobri Arthannya, no blog Amor Literário, soube que me apaixonaria pela história. Foi com alegria que estabeleci parceria com a querida autora Vera Lúcia Certvi Mattei, a quem agradeço pelos ótimos momentos que me permitiu ter com o seu talento.

Narrado em terceira pessoa, Arthannya nos apresenta a protagonista Lúcia Viraldy, uma jovem tímida e responsável que se dedica muito a sua profissão. Passando o Natal na casa de sua mãe adotiva, Lúcia conhece o misterioso (e atraente) Henrique, o sobrinho de Seu Pedro, amigo próximo da família. Desde que os seus olhos pousaram sobre ele, sua vida pareceu ter mudado drasticamente. Henrique é persuasivo, encantador e não hesita em derrubar as muralhas da insegurança de Lúcia. Cada vez mais, ele se aproxima e a envolve com suas perturbadoras palavras e seu jeito mandão de ser. Mas Lúcia não perde em nada diante de Henrique… Na verdade, ela também é teimosa e, lentamente, está começando a se impor diante do que a desagrada. O casal combina muito!

Henrique, no entanto, guarda um importante segredo que envolve o passado (e o futuro) de Lúcia. Para começar, ele não é humano. E este não é seu nome verdadeiro. Henrique, cujo nome real é Toran Naggur, veio do planeta Arthannya para cumprir duas missões na Terra: uma oficial para a qual possui autorização e outra extra-oficial, que atende pelo nome de Lúcia. Há dois anos ele a observa, aguardando o momento certo para se aproximar e fazer ruir tudo o que ela conhece sobre si mesma.

Logo nas primeiras páginas entendemos que Lúcia não é totalmente humana e Toran veio ajudá-la a responder muitas das perguntas sobre sua família de origem, especialmente uma: Por que a abandonaram? Ela só não esperava que as respostas viessem acompanhadas da menção a outro planeta (rs). E o mais engraçado é ser uma cartesiana convicta, incapaz de acreditar em extraterrestres ou qualquer coisa que a ciência não comprove. Foi divertido acompanhar o desespero dela ao se deparar com tamanha loucura!

Arthannya me surpreendeu. Eu adoro o tema extraterrestre e estava habituada a histórias que se passavam inteiramente em outros planetas, explorando nossa imaginação. O enfoque deste livro, no entanto, não é a sociedade ou os cenários arthannyanos, mas o processo de aceitação de Lúcia sobre sua origem e suas escolhas depois disso. Ela teria coragem de abandonar sua família, seus amigos, suas conquistas e sua independência na Terra para conhecer e viver em um desconhecido planeta? O preço é alto e irreversível. Por este motivo, com atenção à difícil decisão da personagem, o livro é ambientado na sua maior parte no planeta Terra, mas os paralelos com a vida arthannyana foram ótimos!

A princípio, esperei conhecer mais sobre o planeta Arthannya o quanto antes! Mas, por fim, acabei me envolvendo com os conflitos de Lúcia e apreciei muito o que a autora criou. O livro apresenta uma história de amor arrebatadora, do tipo que nos faz acreditar ser o único sentimento que realmente deveria guiar as nossas vidas! Toran e Lúcia são um casal que procura superar cada obstáculo, tentando fazer apenas o que é melhor um para o outro.

Arthannya também nos leva a refletir sobre nossas responsabilidades em relação à Terra, sobre arrependimentos que ferem a alma e sobre o quanto podemos amadurecer diante das dificuldades. É um livro lindo, que merece conquistar leitores em busca de romances envolventes e diferentes. Como fragilidade, destaco a revisão realizada pela Editora Dracaena, que deixou a desejar (e muito), embora o aspecto gráfico compense em qualidade.

Aproveito para destacar dois personagens que me conquistaram: Zomar (o melhor amigo de Toran) e Hazec (o avô biológico de Lúcia). Acho que ambos tiveram seus momentos de glória na história! (rs)

Avaliação:

Compartilho os meus quotes favoritos:

...mesmo que estivesse cercada de afeto, a pequena sombra se mantinha por perto, enraizada na parte mais obscura do seu íntimo, pronta para lembrá-la que, em algum momento, ela não foi bem-vinda. (p. 16)

...Toran sabia que, dependendo da maneira como se expressava, os resultados eram os melhores possíveis: os olhos verdes dela brilhavam intensamente, deixando transparecer uma pequena parte do fogaréu que se escondia ali dentro. (p. 79)

– Eu estava passando quando ouvi sua risada e entrei para ver o que estava acontecendo. (...)

– Será que você já ouviu falar em privacidade? É um conceito fácil de aprender e guardar, muito útil para manter algumas amizades estáveis. (p. 106)

– Eu não te conheço, Toran – sussurrou.

Ele passou a outra mão levemente pelo seu rosto, enquanto seus olhos se perdiam demoradamente entre sua boca e seu olhar. Então, se aproximou um pouco mais, do jeito que alguém faz quando quer compartilhar um segredo.

– Mas eu te conheço. (p. 140)

– Tudo o que eu vejo em você é lindo e me encanta!

"E é meu." – pensou, já louco de vontade de beijá-la. (p. 141)

– A questão não é o que sentimos um pelo outro, mas se estamos dispostos a levar isso adiante, com todas as dificuldades que provavelmente vamos enfrentar. (p. 216)

– (...) Acontecimentos passam e pessoas se vão na mesma velocidade com que os pensamentos se modificam. (p. 236)

– Por mim, eu a arrastaria comigo quando fosse embora daqui e a deixaria em minha morada escondida de todos. E quando retornasse, depois da primeira fase do treinamento, voltaria pela primeira vez eufórico para o meu refúgio, sabendo que ela estaria me esperando como minha mulher.

– Bem primitivo, mas compreensível, levando em consideração o seu estado de homem totalmente apaixonado. (p. 271)

– Eu posso não ser uma arthannyana legítima, com seus poderes mentais super-avançados, mas nunca duvide do sexto sentido de uma mulher, seja ela de onde for. (p. 302)

– ...não é porque vem chegando a idade que a gente vai parando no tempo. Muito pelo contrário, pois, com o passar dos anos, vamos buscando respostas para os mistérios que a vida traz... (p. 339)

...sua mãe sempre dizia que, quando um ainda consegue rir das piadas do outro, é porque ainda existe amor. (p. 364)

– Eu não levo uma vida muito tranquila, como você mesma já pôde perceber, e também quero que saiba que não me arrependo de nada do que fiz para conseguir chegar onde estou. Mas entenda que, acima de qualquer conquista ou realização, estão os meus sentimentos por você... (p. 467)

É difícil explicar como ou quando o amor chega. Ele simplesmente aparece e toma conta, não importando de que raça você seja ou de que lugar você venha. (p. 490)

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Agradeço o carinho da autora, Vera Lúcia Cervi Mattei, em ceder um exemplar de cortesia para esta agradável leitura!

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