Resenha 39 | Simplesmente Ana

Título: Simplesmente Ana
Autora: Marina Carvalho
Editora [parceira]: Novo Conceito (2013, 303 páginas)

Sinopse: Imagine que você descobre que seu pai é um rei. Isso mesmo, um rei de verdade em um país no sudeste da Europa. E o rei quer levá-la com ele para assumir seu verdadeiro lugar de herdeira e futura rainha… Foi o que aconteceu com Ana. Pega de surpresa pela informação de sua origem real, Ana agora vai ter que decidir entre ficar no Brasil ou mudar-se para Krósvia e viver em um país distante tendo como companhia somente o pai, os criados e o insuportável Alex. Mudar-se para Krósvia pode ser tentador — deve ser ótimo viver em um lugar como aquele e, quem sabe, vir a tornar-se rainha —, mas ela sabe que não pode contar com o pai o tempo todo, afinal ele é um rei bastante ocupado. E sabe também que Alex, o rapaz que é praticamente seu tutor em Krósvia, não fará nenhuma gentileza para que ela se sinta melhor naquele país estrangeiro. A não ser… A não ser que Alex não seja esta pessoa tão irascível e que príncipes encantados existam. Simplesmente Ana é assim: um livro divertido, capaz de nos fazer sonhar, mas que — ao mesmo tempo — nos lembra das provas que temos que passar para chegar à vida adulta.

Resenha

Desde que soube do lançamento deste livro, no ano passado, me senti motivada a lê-lo. A sinopse e a capa são encantadoras, mas não tanto quanto as inúmeras resenhas apreciativas sobre a história. Por isso, minhas expectativas em relação a Simplesmente Ana eram altas, o que é perigoso para qualquer leitor (rs).

O livro é narrado em primeira pessoa, de um jeito bastante jovial, pela protagonista Ana Carina. Com seus 20 anos, Ana é estudante de Direito na PUC Minas, em Belo Horizonte, e leva uma vida normal. Ela nunca conheceu o pai e cresceu acreditando que, ao saber da gravidez de sua mãe, ele a rejeitou. Embora isso a ferisse e trouxesse aquela natural curiosidade a respeito de quem ele era, sua mãe nada dizia além de ter sido uma aventura passageira.

Até o dia em que sua mãe, uma reconhecida chef, foi convidada a ir ao programa da Ana Maria Braga. De forma cômica, a mãe mencionou sua filha com orgulho em rede nacional e, então, o destino fez sua mágica! Andrej Markov, que visitava o Brasil para assuntos diplomáticos, assistiu ao programa estupefato. Ele reconheceu a mãe de Ana e relacionou A + B quando ela comentou a idade de sua filha… O resultado desse cálculo? Andrej era nada mais do que o pai de Ana. E ele nunca soube na-da sobre isso!

Se por um lado temos a alegria de um pai desejoso por conhecer sua filha, do outro lado temos a vida de Ana que muda completamente por isso. Depois de descobrir que sua mãe mentiu para ela durante anos, Ana não apenas ganhou um pai, mas também ganhou como herança um país inteiro! Andrej Markov era o rei da Krósvia, um pequeno país europeu. E se Ana quiser a oportunidade de conhecê-lo, terá que abraçar todas as responsabilidades dessa escolha.

Decidida a isso, Ana aceita passar seis meses no país do pai. E embora viva num palácio, com empregados disponíveis para servi-la e um cartão bancário ilimitado, Ana enfrenta dificuldades desde o primeiro dia da sua estadia. Seu principal obstáculo tem olhos verdes, músculos salientes e uma expressão enlouquecedora… Julgando-a uma golpista, Alexander – enteado de Andrej – não pretende deixá-la confortável.

E aqui começa o romance que a autora preparou cuidadosamente como um conto de fadas moderno. Ana é a típica brasileira que aprecia uma boa feijoada e pão de queijo, fã da banda Bon Jovi e consumidora dos produtos da C&A e da Renner. Devo dizer que este é o ponto alto do livro: Marina Carvalho utiliza a todo momento a divertida comparação entre a cultura da nobreza europeia e a cultura popular brasileira. Esse foi o principal elemento que me fez manter o ritmo na leitura, ansiosa por saber qual seria o seu desfecho!

O que um vestido de alta costura não faz por uma mulher! De tanto comprar minhas roupas do dia a dia na C&A e na Renner, para mim elas eram o que havia de melhor. Como eu estava enganada! Uma peça de grife modifica o corpo – para melhor, óbvio! (p. 134)

No entanto, de forma decepcionante, não me identifiquei com a Ana Carina. Entendo que a autora desejou torná-la uma mulher que não fosse fútil, mas a sua imaturidade me fazia ter a impressão contrária. Ela se preocupava tanto com Alexander e seus bíceps, tríceps, olhos… que por vezes magoava ou atropelava as pessoas à sua volta. Demorou para que ocupasse o tempo com algo útil e isso me incomodou na personagem.

De qualquer modo, o livro é recomendado aos que apreciam comédias-românticas ao estilo contos de fadas. Vale a pena ler a obra apenas para perceber o quanto cada cultura é rica. A autora apresenta de forma engraçada como seria a repercussão no Brasil se descobríssemos entre nós uma princesa! O que as redes sociais diriam, a cobertura do programa Fantástico, quais seriam as piadas e exaltações inflamadas… Eu achei genial esse aspecto, mais do que o próprio romance entre Ana e Alexander. A capa é linda, a leitura flui rapidamente com as páginas amareladas e a Novo Conceito foi bastante cuidadosa na diagramação.

Avaliação:

Compartilho os meus quotes favoritos:

– Você poderia ter me contado, mãe. Eu entenderia.

Então ela chorou, em silêncio mesmo. E eu soube naquele momento que não importava ter ficado sem um pai por vinte anos. Porque eu pude ter minha mãe comigo nesses anos todos. (p. 14)

Definitivamente, as pessoas não foram ficando maldosas ao longo dos anos. Elas sempre foram. (p. 63)

Juntei-me a eles na mesa e procurei manter um clima superficial, como se aquela cena fosse comum no meu dia a dia. Se é que se pode chamar de normal estar sentada à mesa da cozinha de um castelo verdadeiro, de frente para um pseudopríncipe danado de charmoso, comendo pão de queijo. (p. 76)

– Quem é a Laika? A cadelinha dele? – Não consegui deixar de ser irônica.

Sem perceber o tom, Karenina riu.

– Não, Ana. É a namorada do Alex. (p. 77)

Elevei meu olhar e a encarei. Laika havia perdido a beleza. Vestidos justos, corpo perfeito, rosto de anjo, nada disso tem significado quando o caráter é uma porcaria. (p. 141)

– Sempre ouvi dizer que saudade é uma palavra exclusiva da língua portuguesa. Quando dizemos que estamos com saudade, significa que sentimos uma falta tão imensa de alguém que a dor queima do peito. É como se a alma ficasse meio perdida sem a proximidade das pessoas de quem temos saudade. (p. 200)

Melhor passar a vida imaginando uma situação sonhada do que experimentá-la uma vez e não tê-la nunca mais. (p. 220)

Minha mãe sempre diz que, às vezes, não faz mal ter pena de nós mesmos. Então, eu tive. (p. 228) 

– Sinto falta de tudo em você, Ana – ele continuou, sussurrando, a voz meio embargada. Seus olhos verdes não largavam os meus. – Tenho saudade da sua alegria, do seu amor pelas pessoas, do seu entusiasmo das situações mais simples, até do seu humor variável. (p. 292)

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Uma
super-novidade sobre Simplesmente Ana é que, devido ao seu grande sucesso, Marina Carvalho aceitou ao convite de produzir uma sequência (embora não estivesse prevista). De repente, Ana já está disponível nas livrarias, gente! É um dos lançamentos mais aguardados pelos fãs da autora. Conheça:

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Sinopse: Ana decidiu viver permanentemente na Krósvia, e tudo está às mil maravilhas. Além do namoro cada vez mais sério com Alexander, ela tem um emprego fixo na embaixada brasileira e dedica parte de seu tempo às meninas do Lar Irmã Celeste. Mesmo cumprindo tantos compromissos sociais como princesa, Ana nunca foi tão feliz. Porém, de uma hora para outra, tudo muda. Seu pai, o rei Andrej Markov, sofre um grave acidente e vai parar na UTI. Não resta alternativa: Ana vai ter que assumir o trono da Krósvia e governar a nação. Pouco – ou quase nada – familiarizada com a função, ela vai precisar de ajuda não só para reger o seu país, mas também para manter perto de si aqueles que ama. Muita gente está interessada no seu fracasso.

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