Resenha 38 | Tempestade de Areia

Título: Tempestade de Areia (Série Crônicas de Myríade, livro 2)

Autora: Karen Soarele

Editora: Cubo Mágico (2013, 308 páginas)

Sinopse: “O passado é imutável, mas o futuro depende de nossas escolhas.” Ao pensar que sua jornada chegaria ao fim, Aisling descobre que aquele era apenas o início. Munidos da localização da Fortaleza da Resistência, o exército de Vulcannus avança, ameaçando o sonho de uma Hynneldor livre. Nessa sequência de Línguas de Fogo, Aisling deverá escolher entre voltar para casa com Dharon ou entregar uma importante mensagem à capital de Datillion. Enquanto isso, seus amigos enfrentam antigas lembranças e buscam, uns nos outros, forças para seguir em frente. Muitos perigos e aventura aguardam nessa jornada, que levará o leitor a territórios inexplorados do mundo mágico de Myríade.

Resenha

[aos que não leram o primeiro volume, pode conter spoilers]

Eu tive acesso a este livro por meio do Book Tour organizado pela querida Lia, do blog Doces Letras. Eu agradeço pela oportunidade, porque ameeeei a leitura!

Tempestade de Areia teve tu-do o que gosto! Equilibrou aventura, ação, drama e romance com uma boa dose de fantasia. A autora, Karen Soarele, me presenteou com as suas palavras e me vi completamente envolvida na história! Valeu muito a pena conhecer este talento nacional, gente!

Se em Línguas de Fogo, primeiro volume da série Crônicas de Myríade [resenha aqui], tiveram momentos nos quais senti que "nada acontecia", em Tempestade de Areia tudo acontecia ao mesmo tempo e numa velocidade emocionante! Eu me sentia ansiosa a cada vez que precisei interromper a leitura, porque queria saber o que aconteceria com os personagens na sequência (rs). Adoro quando isso acontece!

Narrado em terceira pessoa, neste volume vemos que Vulcannus está conquistando ainda mais terras de Myríade. Suas tropas são violentas e matam quaisquer pobres aldeões, disseminando o sofrimento. Quem sobrevive precisa pagar altos impostos sem nada usufruir, o que aumenta a pobreza e a injustiça. A Resistência está decaindo e cresce a necessidade de recuar. Por isso, Marian, a líder da Resistência (e minha personagem favorita!), decide que todos devem se separar. Antes de partirem, uma importante mensagem é enviada para a capital de Datillion e nela havia a última esperança contra o exército de Vulcannus!

Mas, no trajeto, o mensageiro morre e nossa protagonista, Aisling, se torna a única pessoa capaz de levar a mensagem ao seu destino. Logo no início dessa missão, ela se separa de seu fiel amigo Dharon e precisa ser forte para sobreviver aos obstáculos sozinha! E a autora não cansa de colocar cada vez mais desafios à personagem (rs). Por vezes senti uma grande tensão e simpatia por Aisling. Mas a garota é forte, gente! Seu coração é nobre e nada poderia fazê-la desistir de seguir em frente. Eu gostei muito disso nela!

Vale dizer que os capítulos alternam seu foco sobre cada personagem, o que deixou o enredo ainda mais dinâmico! Todos eles enfrentavam suas próprias dificuldades para chegarem ao mesmo destino: a capital de Datillion. Mesmo separada e quase sem forças, a Resistência sabia que as tropas de Vulcannus logo atacariam aquele reino. Eles precisavam defendê-lo, pois, se essa guerra fosse perdida, Myríade finalmente sucumbiria ao poder de Vulcannus. Enquanto todos eles estão dispostos a defender a capital, a nossa perigosa vilã, Kendra, é enviada justamente para a missão de comandar Vulcannus neste embate! É claro que este é um grande duelo esperado pelo leitor a cada página.

O que me deixou mais curiosa durante a leitura, no entanto, foi o Prólogo. A autora começou o livro apresentando-nos um novo personagem, que habitava no deserto: Kaled. Parecia uma história completamente à parte, porque ao longo do livro, no início de cada novo capítulo, havia uma frase que nos lembrava de Kaled. E eu fiquei um bom tempo imaginando como a autora relacionaria a história de Aisling e da Resistência com o povo do deserto! Foi muito legal o jeito como ela o fez. Uma criatividade sem limites, amei! 

Em Tempestade de Areia, há mortes e várias cenas imprevisíveis. O desfecho foi ótimo, porque deixou aquele sabor de "quero mais" para os próximos volumes! Não vejo a hora de colocar minhas mãos sobre ele (haha). A diagramação está linda e há várias imagens ao longo do livro que enriquecem a imaginação. Na capa temos vários personagens e ao fim da leitura flagrei-me olhando-os com saudade (rs). Só posso agradecer pela oportunidade de ler este livro. Com certeza, recomendadíssimo!

Uma observação: Eu preciso declarar que estou apaixonada pelo casal: Marian e Desmond! Sabe aquele tipo de amor que coloca o outro acima de si mesmo? Que só quer protegê-lo? Eu me vi loucamente envolvida pelos dois. Eu me tornei uma verdadeira fangirl deles!

Lágrimas de amargura rolaram dos olhos de Marian, e ela lutou contra o abraço de Desmond. Nada mais havia para ser dito.
– Eu sou mais forte do que você. – Disse ela. – Posso sair daqui se eu quiser.
– Mas você não quer.
Segurando Marian com força, Desmond beijou-a. As lágrimas vertiam ininterruptamente, enquanto ela retribuía o beijo. (p. 106)

Avaliação:

Compartilho os meus quotes favoritos:

– Nem todas as tempestades acontecem ao nosso redor, Kaled. Algumas ocorrem dentro de nós. (p. 12)

Marian era uma mulher forte, com feições duras e guiada por princípios racionais. Sua mente era tão afiada quanto sua espada, seu julgamento, digno da mais cega confiança. Era uma mulher sensata e liderara seu povo com a mesma firmeza da muralha que os cercava. (p. 32)

– Não acredito que você nos enterrou vívos! – Murmurou, desanimada. 

– Você preferia ser enterrada morta? – Desmond retrucou. (p. 70)

– Sabe, Claus, existe um mundo enorme lá fora. Fora de Riverlyen. E lá é parecido com aqui: cada um só pensa em si próprio, tentando sobreviver enquanto os reinos travam uma guerra sangrenta. Você já deve saber disso. Mas talvez não saiba que, dentre tantas pessoas, existem algumas que são diferentes. Elas não se conformam com tudo isso que nós temos que passar. E elas querem fazer a diferença. Querem mudar o mundo.

– Mudar o mundo? – Repetiu o menino.

– Sim. Mudar a forma como as pessoas se veem e se tratam, a forma como todas as coisas se dão. (p. 88)

– (...) Aprenda uma coisa, rapaz: Nós não pertencemos à terra; é ela que pertence a nós. E se chegar o momento de abandoná-la, que assim seja! (p. 191)

E o melhor de todos:

São muitas as pessoas que se arrependem dos erros que cometem, mas são poucas aquelas que se aventuram a corrigi-los. (p. 82)

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